Ensino superior deve também conciliar excelência com equidade
"Adoro a inclusividade dessa escola", disse Samantha, aluna do primeiro ano do curso de Economia do Insper. Assim como outros 129 jovens, Samantha recebe bolsa integral, auxílio alimentação e o relevante benefício de poder morar gratuitamente na "toca da raposa", república mantida pela faculdade. Me contou com brilho nos olhos toda sua trajetória, desde que ficou sabendo da existência do Insper, até o dia em que recebeu a notícia de que entraria para o programa de bolsas da instituição. Nos conhecemos durante a cerimônia de encerramento do ano desse programa, quando pude testemunhar o entusiasmo e a alegria de muitos outros jovens.
Fiquei muito bem impressionado com o que vi e ouvi. Nascido em Salvador, Jadson estudou a vida toda em escola pública e conviveu com as injustas restrições enfrentadas por famílias de baixa renda em nosso país. Conseguiu passar na primeira fase do vestibular do Insper por meio do Enem e, mesmo tendo pouquíssimos recursos, juntou dinheiro para vir a São Paulo e participar da segunda etapa do processo seletivo. "O dinheiro era curto, mas resolvi arriscar", explicou. Atualmente, é aluno do 4º semestre da Engenharia Mecânica e tem o sonho de trabalhar em grandes indústrias para depois retomar a vida acadêmica. Tive a chance de ouvir também Dona Isabel, mãe de Jadson, que foi convidada ao evento para fazer um depoimento sobre o impacto que a bolsa de estudo tinha gerado na vida de seu filho, alfabetizado por ela aos 3 anos de idade. E as histórias continuavam: Karoline, aluna nascida em São José do Buriti (Minas Gerais), que se formou em Economia e hoje trabalha como trainee do Banco Itaú. André, Remanso (Bahia), 5º semestre Economia e Jefferson, também formado e atualmente mestrando da Universidade Nova de Lisboa.
As narrativas acima trazem à tona a questão mais premente da educação no Brasil hoje: acesso com qualidade (ou equidade com excelência). A boa notícia é que há instituições que entenderam isso e têm atuado para mudar o quadro de desigualdade. O Insper hoje é uma delas. Criado há 15 anos, seu programa de bolsas beneficiou mais de 530 jovens e formou mais de 270. Alguém poderá dizer que é pouco, frente ao que precisamos. Mas o lado a destacar é: um grupo da sociedade se uniu em torno de um propósito, o de desenvolver a própria sociedade, e está deixando seu legado.
Já falei aqui sobre a metáfora da "linha de largada", em que as oportunidades dadas a alguns e negadas a outros distorcem a ideia de meritocracia. No caso do Insper, o que a instituição tem conseguido promover é justamente o contrário. As bolsas são financiadas com recursos obtidos por doações de fontes diversas. Campanhas, como a da Semana Transformar, doações pessoais de ex-alunos, professores e lideranças da sociedade civil. Com isso, a instituição tem conseguido concretizar um de seus princípios básicos, que é o de valorizar as diferenças e dar chances a quem tem talento e potencial, independentemente de origem social e econômica. Mais que isso, mostra que a sociedade é capaz de ser o agente de sua própria mudança, a alavanca de seu desenvolvimento.
O resultado é: todos ganham. O bolsista e o não bolsista, os alunos e os professores, a sociedade como um todo. Uma instituição mais diversa em sua composição será uma instituição mais madura e mais sintonizada com o Brasil de verdade. É tempo de ver multiplicar-se esse tipo de iniciativa.
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